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*DIDÁTICA TEM PAI ?*


Sim, esta semana tive o prazer de conhecer João Amos Komensky, (1592- 1670) mais conhecido por Comenio, chamado o Pai da Didática. Comenio era um teólogo, mas era sobre tudo um estudioso sobre educação que se preocupava muito com a forma de ensinar as pessoas, ou seja, o método de ensino! Este interesse pode ser visto já no prefácio de seu livro mais importante, Didática Magna (1638), onde diz: "A proa e a popa da nossa Didática será investigar e descobrir o método segundo o qual os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais." As obras de Comênio, são consideradas um marco de transição entre a Idade Média e a Moderna.
Disto podemos concluir que a preocupação com o método de ensinar percorre longas datas. Comênio, há mais de 300 anos atrás já percebia a necessidade de uma mudança na educação, pois cada vez mais alunos apenas eram capazes de reproduzir ao invés de criar, de ouvir ao invés de falar, de concordar ao invés de questionar... Foi ele que mudou alguns parâmetros da pedagogia, pois acreditava que deveria estar voltada para o aluno; na figura do professor como responsável em adequar seu trabalho a partir das necessidades e características de seus alunos; e na escola como um espaço prazeroso, de descobertas e experiências, rico em interações, onde o lúdico e o diálogo professor x aluno estivessem presentes. Estes pressupostos que Comenio apontava, ainda hoje lutamos para desenvolver dentro de nossas escolas, pois enquanto educadores conscientes que somos, vemos a necessidade da mudança e transformação desta sociedade, injusta, excludente e perversa, em que vivemos, e esta mudança passa pela mudança de paradigmas. Creio que a Escola deva olhar para si e repensar o papel que tem desempenhado na sua caminhada enquanto espaço de formação e de transformação social. Vejo que precisamos urgentemente pensar na formação de nossos alunos e ver se realmente estamos ajudando, através das aprendizagens que proporcionamos, que estes alunos consigam enfrentar os desafios dos novos tempos, com autonomia, criatividade, ética e competência. Pois precisarão para isto, estarem capacitados a pensar, a compreender, a interpretar, a teorizar, a argumentar, e sobretudo, ter atitude reativa frente ao mundo.

2 Response to "*DIDÁTICA TEM PAI ?*"

  1. Patrícia_Tutora PEAD says:
    15 de setembro de 2009 às 11:14

    Pois é Neila, este é o desafio da didática, que já estava presente nas idéias de Comênio, logo, nos parece familiar e contemporâneo. Pensar a relação do ensino-aprendizagem, de produzir estratégias de ensino que convidem todos os alunos a serem autores de si e de seus conhecimentos é um grande desafio... O que acha?

  2. Unknown says:
    19 de setembro de 2009 às 14:34

    Neila! Ao conhecermos as idéias de pensadores de séculos passados percebemos que preocupações contemporâneas sobre os processos de ensino-aprendizagem derivam de discursos pedagógicos construídos ao longo da história. Tua reflexão convida a pensar e a problematizar os discursos da pedagogia frente às demandas atuais do campo da educação. Concordo contigo quando apontas que as mudanças deveriam situar-se no âmbito da sociedade, ou seja, em um nível “macro” estrutural. E estas, além de não serem fáceis, são lentas. Nesse sentido, em sintonia com a tua postagem do portfólio de aprendizagem do dia 13/09 e do comentário da Tutora Patrícia, acredito que temos como desafio uma formação escolar que deve possibilitar a autonomia do estudante a partir de espaços e práticas que potencializem o exercício da crítica, da pergunta, da inconformidade. Penso que nossas práticas devem encorajar os estudantes a autorizarem-se a pensar, a serem arquitetos de seus destinos e de suas escolhas. Mas, aqui reside um dos grandes paradoxos dos projetos educativos, já que estes devem também conduzir a uma aprendizagem de normas que se vinculam às necessidades e aos interesses econômicos, de organização do trabalho, de produção, de consumo, etc... Aqui podemos seguir a reflexão tomando o texto do Santomé... Seguimos em conexão e reflexão... Um abraço, Professora Caroline.