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REPENSANDO OS OBJETIVOS...


Semana passada recebi este comentário de minha orientadora de estágio...
“Fico imaginando este tempo de estágio como um tempo em que se possa fazer experiências, inclusive de romper com a listagem de objetivos diários, fechados, e que, por vezes, não tem muito significado. Vendo as fotos e lendo teus comentários, é possível verificar o quanto "voaste" liberta com teus alunos. Que objetivo expressaria melhor esse vôo?”

E confesso que me surpreendi com este comentário... Sim, por que estamos muito acostumadas a pensar em um planejamento pedagógico estanque, ou melhor estático, onde elencamos objetivos fechados, diários, pré-determinados, o que me leva a ter claro exatamente o que quero do meu aluno... Esse comentário, me fez refletir dentro de uma outra lógica..
Mas ao invés de elencar o que quero do aluno, ver o que este aluno “retira” daquilo... Absorve... Ou melhor, o que ele entende, o que aquilo significou para ele!!!!

As vezes planejamos algo, e vemos que nossos alunos não conseguiram alcançar nossos objetivos, e lá vamos nós avalia-lo conforme o que nós esperávamos dele. Mas se mudássemos esta lógica, e ao planejar algo, darmos vazão ao que os alunos desejam daquilo? Dar suporte a sua curiosidade? Dar flexibilidade ao planejamento? Quais as mudanças que presenciaríamos?
Por certo teríamos mais prazer, motivação e envolvimento permeando o processo ensino-aprendizagem!!! E consequentemente mais aprendizagens significativas!!!

Esta é a base de um Projeto de Aprendizagem...Ser baseado na curiosidade, na pergunta!

Mas voltando ao comentário que recebi, ou melhor a “provocação” sobre qual objetivo expressaria melhor o meu “vôo”, e sobre tudo que pude (eu e as crianças) experienciar, vejo que realmente seria muito difícil conseguir elencar um objetivo apenas que significasse tudo o que foi vivido. Creio que quando delimitamos (fechamos) previamente o que queremos em nosso planejamento, deixamos de abrir possibilidades para o inusitado, para a surpresa, para além das expectativas... Confesso que não previ tudo o que aconteceu, mas fui observando e analisando os caminhos que meus alunos estavam trilhando e os acompanhei, proporcionando experiências, fazendo questionamentos, fazendo-os pensar... Tudo isto é claro com pitadas de “magia”, e de encantamento, mergulhada no universo infantil.
Desta forma, diria, que daqueles tantos objetivos dos quais listei, o maior deles não estava contemplado, mas por certo alcançado, que foi o de “encantar”!!!!

REFLETINDO SOBRE AS PRIMEIRAS VIVÊNCIAS...





A primeira semana de estágio, foi um período de observação, de conhecimento, de análise, de “teste” (fui testada se realmente iria ficar com eles, pois assumi uma turma que não era minha), enfim, foi um período de “enamoramento”...

Diria que não foi uma semana muito fácil...

As crianças nos primeiros dias se mostravam muito agitadas, confusas, sem saber quem realmente era a sua “Prô”, e quem passaria a ser sua referência!

A dinâmica como transcorria a manhã era confusa, e só na sexta-feira pude compreender o que estava havendo.

O que passarei a relatar:
As crianças vão chegando, a partir das 7h da manhã, e neste momento são recebidas pela professora titular da turma, que está lá e organiza a sala, responde algumas perguntas, atende os pais, lê as agendas, e os leva para o café. Neste período eles me vêem na escola em outra função, pois chego às 7h e vou atender alguns pais e educadoras, e fazer alguns encaminhamentos referentes ao funcionamento da escola. Chega às 8h vou encontra-los no refeitório pois estão no horário de café, e os conduzo para a sala de aula. Lá fazemos à escovação, a rodinha, traçamos a rotina da manhã, e seguimos as atividades. Às 12h, durante o almoço, a professora titular assume a turma novamente e os conduzem para a sala, para o descanso, e eu passo a ser a vice-diretora, novamente. Tudo isto acontece, quando não entra uma terceira pessoas para ficar com eles enquanto a professora almoça.

Percebo que estas várias “trocas” de pessoas contribuem para que fiquem inseguros, quanto à “quem”, realmente ficará com eles; o que vai acontecer daqui para frente, enfim, a segurança, dá lugar a muitas dúvidas e incertezas. Com isto a mudança de comportamento.

A criança nesta faixa etária (5 anos) precisa sentir-se segura, com regras claras a cumprir, rotinas conhecidas, precisa sentir-se amparada na escola. E neste espaço de interações a professora, sem sombra de dúvida, assume um papel importantíssimo na condução da rotina e dos conflitos, e isto sem contar do papel que representa, no inconsciente da criança, da figura de sua mãe.

Outro fator que destaco é quanto à definição de papeis.

A criança constrói seus conceitos a partir do que observa, ouve, experimenta, vive. Por isso, estes papeis vão sendo construídos no universo infantil ao longo do tempo, de suas vivências. Para a criança quem faz a comida na escola é a cozinheira; quem limpa a escola é a servente, quem conta histórias é a prô, e assim por diante.

E como fica, quem é vice-diretora?

Até outro dia a vice –diretora, entrava na sala para dar apenas recados; conversava com os pais; era chamada para ver se alguma criança não estava bem; conversava com a Prô, etc... E agora, ela é a Prô? A que vai passar (parte) da manhã com eles? A que conta histórias, leva para praça, brinca na areia, joga, canta, corre...

Toda esta mudança, ainda está confusa para eles... E mais, para mim também.

Levo um tempo até desligar de meus “afazeres” da escola; minhas colegas de trabalho estranham quando me veem com as crianças; ainda me chamam para resolver problemas... E a todo momento tenho que pontuar a nova função que estou desempenhando.

Mas na sexta-feira tive uma experiência muito boa, pois assumi a turma às 7h, e desde cedo, eu e as crianças começamos a conversar e fazer combinações. Este dia transcorreu maravilhoso e todos nós (turma e eu) fizemos uma avaliação positiva da manhã. Também percebi que minhas colegas, ao perceber meu envolvimento desde cedo, não me solicitaram. O que reforça a ideia de que a confusão de papeis interfere no desenvolvimento do trabalho dentro de qualquer espaço de interação.

Percebo que toda a escola está tendo que se readaptar com a “nova” professora, e readequar tempos e espaços para que ninguém sofra, ou saia prejudicado com estes novos “atores” em cena.

COMEÇANDO A TECER O ESTÁGIO...


Sob o olhar de uma "SUPER" VISÃO!!!!! SUPER ORIENTAÇÃO!!!!!

Foi com este prefixo SUPER que iniciamos a "tecer" nosso estágio, de um curso que foi e está sendo SUPER especial...

Um momento de conhecimento, de apresentações, de partilha de angústias, dúvidas e ansiedades... Foi assim o primeiro encontro presencial no Pólo de Gravataí com a SUPERvisora, Profª Darli Collares (o SUPER é porque ela tem um currículo expetacular...) e com a tutora Cristiane (e esta já era "prata" da casa).

Nos primeiros instantes deste encontro, o coração batia muito forte, pois muitas dúvidas, medos, "fantasmas" pairavam no ar. Mas foi só começarmos a ouvir a Profª Darli, com sua tranqu ilidade e segurança ímpar, típica de quem sabe o que diz, e de quem vive o que fala, que tivemos a certeza....APRENDEREMOS MUITO EM NOSSO ESTÁGIO!!!

Naquele momento logo lembrei da aprendizagem amorosa de Maturana... Do aprender resultado de uma convivência entre seres que produzem uma história, que compartilham sentimentos, e que são parceiros... Onde relações/interações provocam aprendizagens, e consequentemente, mudanças na maneira de pensarmos, de agirmos, enfim, a convivência com o outro fazendo com que "no final" deixamos de ser um pouco de nós, para sermos um pouco do outro!

E FOI ASSIM QUE COMEÇAMOS A TECER NÃO APENAS UM ESTÁGIO, MAS UMA PÁGINA EM NOSSAS VIDAS....

ESTÁ CHEGANDO A HORA...


Pois bem, dia 12 de abril iniciaremos nosso estágio curricular...

Serão 9 semanas nas quais estaremos colocando nossos aprendizados em prática.

Olhando para trás, vejo que muito de minha prática não estava "errada", pois tentava primar pelo interesses dos alunos. Mas vejo que o curso me mostrou um leque de possibilidades, me fez ver a importância de atrelar o conhecimento a realidade da criança, ouvi-los, senti-los, e a partir disto realizar um planejamento coerente com as peculiaridades e necessidades daquele grupo.

Tivemos a oportunidade de experienciar isto na prática enquanto alunas, quando construímos nossos Projetos de Aprendizagens, na Interdisciplina de Seminário Integrador. Ali tivemos a oportunidade de vivenciarmos o que é aprendizado respeitando o interesse dos sujeitos envolvidos.

ESCOLHEMOS O QUE QUERÍAMOS APRENDER, e a partir daí cada um dos componentes do grupo de trabalho começou a pesquisar, buscar informações, entrevistar, etc... E de posse de tudo isto passamos a construir nossas aprendizagens, nossos conhecimentos. Foi uma experiência muito interessante, e agora no estágio vou me propor a experienciar com meus alunos.

Tenho certeza que será um grande desafio realizar um Projeto de Aprendizagem com crianças pequenas de 5 anos.... Mas também tenho certeza que valerá a pena!!!!

Então, aguardem!!!!