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REFLETINDO SOBRE APRENDIZAGEM...


Ler o texto,APRENDIZAGEM AMOROSA NA INTERFACE ESCOLA, escrito segundo Serres, foi um gosto convite para pensarmos em nossas próprias aprendizagens no PEAD.
Ao lê-lo, pensei em várias coisas. Pensei lá no início quando entramos no PEAD (sou da 2ª turma), e quando o Professor Silvestre nos instigava a pensar na pergunta. A pensar sobre a importância da pergunta em nossa vida, em nossa sala de aula, em nosso fazer... Então pude ver, hoje, que ele falava de curiosidade, de desequilibração, de busca de acomodação, de motivação, enfim, falava de aprendizagens. O que move a aprendizagem.
Como podemos aprender sem colocar em cheque nossas certezas? Como podemos aprender sem o desejo de ser outro? De mudança? De descobrimento? De busca? De nos encontrar?
Olha, a metáfora usada por Serres quando fala da aprendizagem, como uma viajem é incrível.... E pensando bem é mesmo... Quando viajamos saímos de nossa área de conforto, do lugar seguro, para nos aventurar em outras paragens. Lá encontramos coisas diferentes das quais conhecíamos, ou descobrimos modos diferente de fazermos o que sempre fizemos quase que automaticamente. Somos convidados a pensar em uma outra lógica, para entendermos o que estamos vivendo. Pois ao sairmos, estamos adentrando em uma outra cultura, em um “outro mundo”, pois é diferente do nosso. E penso que é ai que está a beleza da descoberta, do conhecimento! E nessa viagem, dificilmente estamos sós, encontramos diversas pessoas, as quais exercem uma força transformadora sobre nós, e nós sobre eles. Esta visão humana da aprendizagem, dá o sentido de pertencimento, de heterogeneidade, de diversidade, que temos que passar a encarar como natural e produtivo. “... a todo momento estamos nos constituindo a partir das experiências vividas, nos transformando, ou seja, uma identidade que a todo momento se reinventa”.(texto p.3)

A PALESTRA DO PROFESSOR JOSÉ PACHECO ATRAVÉS DOS OLHOS DE UMA EDUCADORA...


Dia 06 de junho de 2009, durante o XXI Seminário de Educação de Cachoeirinha, foi proferida a palestra com o Profº JOSÉ FRANCISCO DE ALMEIDA PACHECO, como ele se intitula: "O Zé da PONTE", com o Tema: “Inclusão Escolar e Social: Como fazer?”.
Seu currículo dispensa apresentações: Especialista em Música e em Leitura e Escrita, José Pacheco coordena desde 1976 a Escola da Ponte, instituição pública que se notabilizou pelo projeto educativo inovador, baseado na autonomia dos estudantes. O pedagogo português, que se diz "um louco com noções de prática", é mestre em Ciências da Educação pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto; Investigador (IIE-FPCE-UP e Instituto Paulo Freire).
Já nos primeiros momentos de sua presença no auditório, sentíamos sua forma diferenciada de colocar-se. Aquietou-se e esperou que TODOS se calassem (aproximadamente 500 pessoas). Ao término de alguns minutos, de um silêncio absoluto, deu início a sua fala. E então explicou o porquê de sua atitude, dizendo: “É tal como os alunos da Escola da Ponte, eu também respeito quem está falando e numa atitude respeitosa, o esperarei terminar para que eu possa falar”.
E foi com esta atitude de humildade e sabedoria que iniciou sua fala, com uma pergunta: O QUE VOCÊS QUEREM SABER?????
Mais um “terrível” silêncio se abateu sobre o auditório, causando espanto e perplexidade aos “ouvintes”. Então ele explicou que sua fala só seria significativa, se ela estivesse em consonância com o desejo de saber, das pessoas presentes!!!!
Passado o segundo espanto... Começaram-se as perguntas, e ao seu relato, mas não de algo que está em livros, de teoria, mas de uma experiência, de algo que foi vivido e que é possível.
Falou de sua longa caminhada de 33 anos na Escola da Ponte, pois foi lá que entrou como professor, em 1976. Nesta época, a violência nas escolas, e também na Escola da Ponte eram terríveis. Alunos desmotivados, agressivos, sem limites, marginalidade, o caos total. A escola, por sua vez, se quer tinha banheiro para os alunos, não havia nada! Os alunos eram os que tinham os piores resultados; crianças na 4ª série não sabiam ler, eles apenas sabiam bater e xingar. Os alunos vinham para a escola sujos, descalços, com fome, traficavam e consumiam drogas. Conta que na Escola da Ponte os professores tinham pânico de entrar na sala de aula, pois frequentemente eram ameaçados pelos alunos, e às vezes apanhavam destes; eram professores tristes, aterrorizados pelo medo, desmotivados.. Ele próprio foi agredido por um aluno, e numa atitude de descontrole e auto preservação também o agrediu. Assim, a Escola da Ponte, começou com a máxima violência, para hoje ser modelo de respeito, de alto nível de aprendizagens, mas, sobretudo de inclusão social.
E foi a partir dai que o Professor José Pacheco afirma que: “Deixei de dar aulas para ser professor”...
Hoje, os alunos da escola da Ponte são referência em desempenho e aprendizagens, ou seja, estes alunos da rede pública são os MELHORES alunos do País.
Mas para isto TUDO teve que ser mudado...
A Escola propôs para o governo um desafio para mudança, mas para isto, teria que ter AUTONOMIA TOTAL! Autonomia quanto a seu projeto, estrutura, contratação de professores e funcionários, de gestão, enfim, queriam fazer tudo diferente.
O desafio foi lançado !!!!
E a Escola começou a transformação...
Hoje, a Escola contrata e escolhe seus professores, dentro do perfil que a Escola tem; o coletivo é quem dirige a Escola; a figura do “diretor” é apenas formal; não há turmas; não há aulas; não há carga horária; não há planejamento feito pelos professores; não há portões, nem grades, nem livros didáticos........ A Escola transformou-se em um lugar de TRABALHO! E um espaço democrático!
Quanto às regras? A Escola da Ponte é a Escola mais estruturada do que todas, pois as regras e a organização são feitas pelo coletivo (pais, alunos, professores, funcionários), cada um é responsável por tudo e por todos.
Na Escola da Ponte, cada aluno decide o que quer aprender, o que tem curiosidade de saber. Neste sentido ocorre a formação dos grupos por afinidades, e que passará a escolher o professor que acompanhará este grupo durante este projeto. O início deste aprendizado está sempre precedido por uma pergunta. Os professores têm o papel de ouvir a pergunta e facilitar com que cada um encontre suas respostas, mesmo que para isto, tenha que fazer uma vasta pesquisa até chegar a seu objetivo primeiro. E é neste caminho que o aluno irá construindo seu conhecimento. Depois de definido sua pergunta, cada aluno faz seu planejamento, que deve ocorrer por aproximadamente 15 dias. Ao final deste período, fará um relatório de suas aprendizagens em todas as áreas do conhecimento.
Assim, ao utilizar a metacognição, esta exerce influência direta sobre a motivação, pois o fato dos alunos poderem controlar e gerir os seus próprios processos cognitivos lhes dão a noção da responsabilidade pelo seu desempenho escolar gerando confiança nas suas próprias capacidades, e aprendizagens.
Existem critérios para a formação dos grupos: 1) interesses comuns; 2) afetividade (gostar de trabalhar com aqueles colegas e professor); 3) heterogeneidade deve constituir-se de sujeitos que tenham diferentes idades e saberes. Neste sentido, uns aprendem com os outros, e cada um sente-se responsável pelo aprendizado do outro.
Sobre a escola de hoje, José Francisco, coloca que a seu ver está “TUDO ERRADO”. Professores solitários, acuados, com medo, desmotivados, que acreditam que nem todos os alunos aprendem. Coloca que hoje aqueles alunos que aprendem iriam aprender mesmo não estando na escola. Que a grande questão atual é porque muitos não aprendem. Para isto aponta para a uniformização de métodos de ensino que idiotiliza os sujeitos, pois cada sujeito tem sua forma de aprender e cabe ao professor descobrir e ajudá-lo. O interesse do aluno é renegado, quem diz o que tem que ser “aprendido” é o professor, que muitas vezes nem ele sabe para quê. O aluno não é escutado, não se posiciona, não opina no que quer saber.
O professor José Francisco destaca que, atualmente, pesquisas apontam que: até o final da educação infantil 50% das crianças ainda perguntam; nos anos finais do ensino fundamental apenas 10%, e no final do ensino médio, apenas 1%. Existe um gradual desserviço da capacidade de argumentação e de pensamento.
Concluindo diz que as aulas pré-determinadas pelo professor inibem a iniciativa e a curiosidade da criança/adolescente, destacando que entende que o que está nos livros não precisa de aulas para isto, estala para ser lido. Que enquanto o professor estiver solitário em sua sala de aula, será fraco, vulnerável, mas onde puder contar com o auxílio e o apoio de outros, este fatalmente, se sentirá seguro e forte. E frisa: “A profissão do educador deve passar de uma profissão solitária, para uma profissão solidária”. Onde TODOS se sintam responsáveis em gestar a escola, onde a diversidade, de idéias e saberes, venham a enriquecer o fazer pedagógico e o espaço escolar.
E questiona:
Por que e para quê dividem-se os alunos por níveis?
Isto promove o quê?
Porque é preciso ter uma sala de aula, um espaço determinado para “aprender”?
Na Escola da Ponte, os alunos estão responsavelmente unidos uns com os outros e, são co-responsáveis pelos aprendizados de todos, num regime de cooperação e integração. E para isto é utilizado vários espaços da escola, pois vai depender de quais recursos eles precisarão para construir suas aprendizagens (bibliotecas; computadores; saídas de campo; visitações, etc).
Ao final da palestra, todos os presentes o aplaudiram de pé, e entenderam a mensagem, de que A UTOPIA É POSSÍVEL!!!! Pois ela foi e está sendo vivida na Escola da Ponte.

REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA !


A proposta de analisar, crítica e teoricamente, o planejamento realizado na interdisciplina de Questões Étnico-Raciais, fez com que me desse conta da importância de trabalharmos numa perspectiva de múltiplas culturas, raças e etnias. Pois vivemos num mundo onde a diversidade está presente em todas as esferas, e sentir-se valorizado por isso é algo que precisa ser trabalhado; uma vez que o que a sociedade atual aponta é para uma homogeneidade que nos descaracteriza e nos massifica. Por isso, a Escola não pode se eximir de sua responsabilidade e influência dentro do processo de construção da identidade e da auto-estima da criança, como um ser individual e único.
Mas vemos que para cada etapa da vida existe necessidades que se diferenciam a medida que o sujeito cresce. Na educação infantil, área em que atuo, percebe-se que é de fundamental importância o tipo de relação afetiva que esta criança vai ter, e como esta vai incorporá-la, pois isto tudo irá, sem dúvida nenhuma, marcar sua auto-imagem, sua identidade e, consequentemente, seu desenvolvimento. É neste período da vida que a criança vai iniciar a sua construção de valores, de conceitos sobre o mundo, e com isto vai assimilando o que entende como belo, como feio, como bom, como o mal, se sou querido ou não, se gostam de mim, entre tantos outros.
Neste sentido faz-se indispensável, que nós educadores, passemos, em nosso fazer pedagógico, a contemplar e valorizar as questões das diferenças, da pluralidade e da miscigenação dentro do nosso dia-a-dia, para que estes sujeitos, mesmo pequeninos, possam crescer, respeitando e sendo respeitado, cada um com sua forma específica de bem viver. Onde a singularidade e a igualdade estejam no mesmo patamar de valores. E onde a discriminação e o preconceito não seja mais instalado já na primeira infância, como é feito hoje, e com isto torne-se arraigado em nossa cultura.
O fato de atualmente termos uma Lei (nº 10.639/03) que exige que trabalhemos a História e Cultura Afro-Brasileira, não é garantia de trabalho efetivo de fato, de mudança de consciência, mas são as atitudes efetivas e intencionais que irão demonstrar o comprometimento dos professores, para com a erradicação do preconceito racial.
Assim penso que é preciso compreender que romper com a lógica de uma cultura branca, que subliminarmente, entende-se como superior, não é tarefa fácil, pois para o educador adentrar nas relações étnico-raciais é, como disse o Professor Fernando Seffener, em uma aula, descobrir-se racista, e muitas vezes preconceituoso. Mas por outro lado, na figura do professor, não pode e não deve, estar a marca de um sujeito que vendo a discriminação e o preconceito para com outro sujeito (aluno), silenciar-se ou omitir-se. É preciso encarar de frente nossas diferenças e propor práticas inovadoras (diferenciadas) e igualitárias, que dê conta de contemplar as diferentes culturas e raças das quais fazem parte de nossa realidade.
Para isto, devemos revisitar o próprio ambiente escolar, e ver o que temos hoje nos cartazes, faixas, textos, gravuras, livros, brincadeiras, e perceber se estes contemplam as diferentes etnias e raças que fazem parte de nossa comunidade escolar. E refletir, conscientemente, se é possível que os diferentes sujeitos se reconheçam e sintam-se valorizados por suas características. E a partir desta reflexão mudar, e buscar construir uma escola/sociedade, que esteja visivelmente e profundamente voltada para a valorização da diversidade e que assim venha a se constituir em um espaço onde todos sintam-se igualmente reconhecidos e incluídos.

A HONRA DE CONHECER UM GRANDE EDUCADOR !



No sábado, dia 06 de junho,durante o XXI Seminário de Educação de Cachoeirinha, tive a honra de conhecer o ProfºJOSÉ FRANCISCO DE ALMEIDA PACHECO, como ele se intitula: "O Zé da PONTE". Pessoa calma, simples e um das figuras mais incríveis que conheci, e tal como nós, um idealista que acredita numa educação de qualidade. Seu currículo dispensa apresentações: Especialista em Música e em Leitura e Escrita, José Pacheco coordena desde 1976 a Escola da Ponte, instituição pública que se notabilizou pelo projeto educativo inovador, baseado na autonomia dos estudantes. O pedagogo português, que se diz "um louco com noções de prática", é mestre em Ciências da Educação pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.
Em uma próxima postagem vou pretenciosamente, sintetizar um pouco de suas colocações, para socializar o que conclui, depois de tudo que vi e ouvi, concluo que: A UTOPIA É POSSÍVEL!!!!!

CONAE 2010...



Esta Conferência, a meu ver, foi muito importante. Pois estávamos ali discutindo o que entendemos e queremos para a educação em nosso País. Durante algumas discussões senti uma certa crítica as Universidades Públicas que oferecem, em muitos de seus cursos, horários impróprios para quem trabalha. Mas vemos que esta realidade está mudando, basta ver o nosso curso, e tantos outros que a UFRGS oferece. Gostaria também de salientar que neste painel onde se debateu sobre o ensino superior, faltou muito conhecimento das pessoas que estavam dirigindo o debate. O público: pais, alunos, professores e gestores, alguns, destes, tinham um total desconhecimento do modo como as Universidades Públicas estão se articulando para ampliar suas vagas e favorecer aos alunos de baixa renda (oriundos de escolas públicas) a garantia do acesso, mas sobretudo, da permanência na Universidade.
Gostaria de salientar também, que fiquei surpresa com a visão de alguns professores que ainda estão arraigados a uma concepção de educação que prima apenas pela busca de habilidades e competências, voltada para o mercado de trabalho. Deixando absolutamente de lado a formação de um sujeito que pensa e seja capaz de escolher o seu próprio caminho!!!! Também me chamou a atenção a falta de participação dos colegas de nossa "classe", poucos expuseram suas idéias, aprofundaram o debate. O que ficou claramente exposto quando da eleição dos delegados (por segmentos), apenas 2 professores demonstraram o desejo de representar e levar as idéias e propostas para a Etapa Estadual. Este era um momento muito importante para a educação, pois estávamos tendo a oportunidade de dizer o que entendemos em relação: a qualidade da educação; gestão democrática; avaliação; diversidade; financiamento da educação; inclusão, entre outros assuntos pertinentes ao nosso dia a dia. Mas poucos se aventuraram em participar... Penso que precisamos sair da posição de crítica/vítimas e mostrar para a sociedade a importância de nosso trabalho, valorizar o que fazemos diariamente, pois só assim poderemos ter reconhecimento profissional. Nem nós educadores temos certeza de nosso valor, não nos vemos mais como importantes na formação desta sociedade, perdemos o brilho, a motivação... E isto não é de hoje.... É herança de muitos governos que nas "entrelinhas" reforça a NÃO importância da educação. E para algo desvalorizado, bons salários, investimentos são desnecessários. A mensagem que fica é que quanto mais medíocres os professores melhor... Assim eles não correm o risco de formarem seres pensantes, capazes de mudar o que está posto!
Mas nem tudo está perdido, existem alguns (poucos) que ainda lutam para fazer da educação uma ponte para a mudança... E fico feliz em fazer parte deste grupo que compõe o PEAD, pois acredito que estamos tendo uma formação de qualidade ímpar, e que está nos instrumentalizando para termos um novo perfil, não o do "operário" da educação, mas de INTELECTUAIS/PESQUISADORES.