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REFLETINDO SOBRE AS PRIMEIRAS VIVÊNCIAS...





A primeira semana de estágio, foi um período de observação, de conhecimento, de análise, de “teste” (fui testada se realmente iria ficar com eles, pois assumi uma turma que não era minha), enfim, foi um período de “enamoramento”...

Diria que não foi uma semana muito fácil...

As crianças nos primeiros dias se mostravam muito agitadas, confusas, sem saber quem realmente era a sua “Prô”, e quem passaria a ser sua referência!

A dinâmica como transcorria a manhã era confusa, e só na sexta-feira pude compreender o que estava havendo.

O que passarei a relatar:
As crianças vão chegando, a partir das 7h da manhã, e neste momento são recebidas pela professora titular da turma, que está lá e organiza a sala, responde algumas perguntas, atende os pais, lê as agendas, e os leva para o café. Neste período eles me vêem na escola em outra função, pois chego às 7h e vou atender alguns pais e educadoras, e fazer alguns encaminhamentos referentes ao funcionamento da escola. Chega às 8h vou encontra-los no refeitório pois estão no horário de café, e os conduzo para a sala de aula. Lá fazemos à escovação, a rodinha, traçamos a rotina da manhã, e seguimos as atividades. Às 12h, durante o almoço, a professora titular assume a turma novamente e os conduzem para a sala, para o descanso, e eu passo a ser a vice-diretora, novamente. Tudo isto acontece, quando não entra uma terceira pessoas para ficar com eles enquanto a professora almoça.

Percebo que estas várias “trocas” de pessoas contribuem para que fiquem inseguros, quanto à “quem”, realmente ficará com eles; o que vai acontecer daqui para frente, enfim, a segurança, dá lugar a muitas dúvidas e incertezas. Com isto a mudança de comportamento.

A criança nesta faixa etária (5 anos) precisa sentir-se segura, com regras claras a cumprir, rotinas conhecidas, precisa sentir-se amparada na escola. E neste espaço de interações a professora, sem sombra de dúvida, assume um papel importantíssimo na condução da rotina e dos conflitos, e isto sem contar do papel que representa, no inconsciente da criança, da figura de sua mãe.

Outro fator que destaco é quanto à definição de papeis.

A criança constrói seus conceitos a partir do que observa, ouve, experimenta, vive. Por isso, estes papeis vão sendo construídos no universo infantil ao longo do tempo, de suas vivências. Para a criança quem faz a comida na escola é a cozinheira; quem limpa a escola é a servente, quem conta histórias é a prô, e assim por diante.

E como fica, quem é vice-diretora?

Até outro dia a vice –diretora, entrava na sala para dar apenas recados; conversava com os pais; era chamada para ver se alguma criança não estava bem; conversava com a Prô, etc... E agora, ela é a Prô? A que vai passar (parte) da manhã com eles? A que conta histórias, leva para praça, brinca na areia, joga, canta, corre...

Toda esta mudança, ainda está confusa para eles... E mais, para mim também.

Levo um tempo até desligar de meus “afazeres” da escola; minhas colegas de trabalho estranham quando me veem com as crianças; ainda me chamam para resolver problemas... E a todo momento tenho que pontuar a nova função que estou desempenhando.

Mas na sexta-feira tive uma experiência muito boa, pois assumi a turma às 7h, e desde cedo, eu e as crianças começamos a conversar e fazer combinações. Este dia transcorreu maravilhoso e todos nós (turma e eu) fizemos uma avaliação positiva da manhã. Também percebi que minhas colegas, ao perceber meu envolvimento desde cedo, não me solicitaram. O que reforça a ideia de que a confusão de papeis interfere no desenvolvimento do trabalho dentro de qualquer espaço de interação.

Percebo que toda a escola está tendo que se readaptar com a “nova” professora, e readequar tempos e espaços para que ninguém sofra, ou saia prejudicado com estes novos “atores” em cena.

1 Response to "REFLETINDO SOBRE AS PRIMEIRAS VIVÊNCIAS..."

  1. Patrícia_Tutora PEAD says:
    20 de abril de 2010 às 12:54

    Pois é Neila, no início realmente é complicado. A escola (professores, pais e alunos) precisam se adaptar a essa nova realidade. É importante que você deixe claro esse seu momento, para que não haja intervenções, que as pessoas respeitem aquele horário em que estará como profe! Mas isso tudo é uma contrução...