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REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA !


A proposta de analisar, crítica e teoricamente, o planejamento realizado na interdisciplina de Questões Étnico-Raciais, fez com que me desse conta da importância de trabalharmos numa perspectiva de múltiplas culturas, raças e etnias. Pois vivemos num mundo onde a diversidade está presente em todas as esferas, e sentir-se valorizado por isso é algo que precisa ser trabalhado; uma vez que o que a sociedade atual aponta é para uma homogeneidade que nos descaracteriza e nos massifica. Por isso, a Escola não pode se eximir de sua responsabilidade e influência dentro do processo de construção da identidade e da auto-estima da criança, como um ser individual e único.
Mas vemos que para cada etapa da vida existe necessidades que se diferenciam a medida que o sujeito cresce. Na educação infantil, área em que atuo, percebe-se que é de fundamental importância o tipo de relação afetiva que esta criança vai ter, e como esta vai incorporá-la, pois isto tudo irá, sem dúvida nenhuma, marcar sua auto-imagem, sua identidade e, consequentemente, seu desenvolvimento. É neste período da vida que a criança vai iniciar a sua construção de valores, de conceitos sobre o mundo, e com isto vai assimilando o que entende como belo, como feio, como bom, como o mal, se sou querido ou não, se gostam de mim, entre tantos outros.
Neste sentido faz-se indispensável, que nós educadores, passemos, em nosso fazer pedagógico, a contemplar e valorizar as questões das diferenças, da pluralidade e da miscigenação dentro do nosso dia-a-dia, para que estes sujeitos, mesmo pequeninos, possam crescer, respeitando e sendo respeitado, cada um com sua forma específica de bem viver. Onde a singularidade e a igualdade estejam no mesmo patamar de valores. E onde a discriminação e o preconceito não seja mais instalado já na primeira infância, como é feito hoje, e com isto torne-se arraigado em nossa cultura.
O fato de atualmente termos uma Lei (nº 10.639/03) que exige que trabalhemos a História e Cultura Afro-Brasileira, não é garantia de trabalho efetivo de fato, de mudança de consciência, mas são as atitudes efetivas e intencionais que irão demonstrar o comprometimento dos professores, para com a erradicação do preconceito racial.
Assim penso que é preciso compreender que romper com a lógica de uma cultura branca, que subliminarmente, entende-se como superior, não é tarefa fácil, pois para o educador adentrar nas relações étnico-raciais é, como disse o Professor Fernando Seffener, em uma aula, descobrir-se racista, e muitas vezes preconceituoso. Mas por outro lado, na figura do professor, não pode e não deve, estar a marca de um sujeito que vendo a discriminação e o preconceito para com outro sujeito (aluno), silenciar-se ou omitir-se. É preciso encarar de frente nossas diferenças e propor práticas inovadoras (diferenciadas) e igualitárias, que dê conta de contemplar as diferentes culturas e raças das quais fazem parte de nossa realidade.
Para isto, devemos revisitar o próprio ambiente escolar, e ver o que temos hoje nos cartazes, faixas, textos, gravuras, livros, brincadeiras, e perceber se estes contemplam as diferentes etnias e raças que fazem parte de nossa comunidade escolar. E refletir, conscientemente, se é possível que os diferentes sujeitos se reconheçam e sintam-se valorizados por suas características. E a partir desta reflexão mudar, e buscar construir uma escola/sociedade, que esteja visivelmente e profundamente voltada para a valorização da diversidade e que assim venha a se constituir em um espaço onde todos sintam-se igualmente reconhecidos e incluídos.

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