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TODO DIA É DIA DE ÍNDIO...


Esta semana, fomos convidados a mergulhar no mundo indígena... Na interdisciplina de Questões Étnico-Raciais na Educação, e gostaria de socializar meus novos aprendizados.
Pois confesso que desconhecia como este termo “índio” entrou no vocabulário dos próprios índios...

Vejam!!!

O texto de Gersen dos Santos Luciano,(disponível em: http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo6/etnico_raciais/os_indios_no_brasil.pdf) representante do povo Baniwa, é muito interessante e esclarecedor, e ao mesmo tempo nos mostra uma nova visão da constituição dos povos indígenas, que nós “brancos” impostamente os denominamos de “índios”. Pois o termo índio foi designado, pelos colonizadores portugueses, para as pessoas que habitavam o continente recém “descoberto”. A bem da verdade, não existe o povo indígena, mas cada “índio” pertence a um determinado povo, a uma etnia. Os índios, apresentam seus próprios critérios de auto definição, são eles: existência de uma história de existência pré-colonial; laços estreitos com sua terra; definição específica de sistemas sociais, econômicos e políticos; possuir uma língua e crenças definida; e entender-se como sujeitos diferentes do restante da sociedade nacional. Este termo “indígena/índio”, só foi aceito, por estes, após discussão, através do movimento articulado com seus pares, por entenderem que facilitava o sentido de unidade destes povos, e com isto fortaleceria todos os outros povos que também eram originários do território brasileiro, constituindo assim em uma unidade, passando a ser vista como uma marca identitária, que possibilitou a união destes povos em busca de interesses e direitos comuns. Isto explica o sentimento de parentesco existente entre os diversos povos indígenas, que convivem harmoniosamente com as diversidades, e que se constituem em uma multiplicidade de formas de vida coletiva e individual, dentro de seus grupos étnicos.
Hoje vemos um movimento social, no meu entender, ainda tímido, de reconhecimento e valorização da cultura indígena como sendo parte importante da diversidade racial e cultural do nosso País. Neste vemos, não só a sociedade reconhecendo os valores destes povos, mas uma busca dos próprios índios de reassumirem suas tradições, já que estes foram, no passado, “forçadamente” induzidos a renegar suas raízes e tradições para que pudessem sobreviver, e tentar escapar dos preconceitos e da discriminação. E que vem sendo amplamente trabalhado para a inversão destes estigmas, através da criação de organizações indígenas que buscam representar de maneira formal os interesses destes povos, e que contribuem fortemente para a recuperação da auto-estima do índio e de sua identidade como tal.
Podemos dizer que os povos indígenas brasileiros da atualidade, são hoje considerados como “sobreviventes” de uma triste história de colonização européia, e que buscam resgatar um lugar digno na história passada, mas também, escrever sua história presente como parte importante da cultura de seu País.
Neste sentido se faz necessário destacar a importância da Escola em trabalhar a valorização da cultura indígena, pois somente vamos mudar a imagem tão arraigada em nossas mentes, do índio como um ser sem cultura, incapaz, selvagem, preguiçoso, e que povoa apenas o imaginário, ou as páginas dos livros, com um trabalho sério de informação, de um envolvimento real com sua cultura, seus valores e costumes, e sobre tudo destacando sua importância na formação do povo brasileiro. Conhecer esta diversidade que compõe a cultura indígena faz com que passemos a compreender sua riqueza, seus saberes e seus costumes, e com isto, compreender seu estado de direitos, que necessitam de um olhar especial, como todos os cidadãos do País. Contrariamente ao texto, penso que hoje ainda vemos muitas pessoas pensarem no índio de forma pejorativa, como improdutivos, como seres que não gostam de trabalhar, que “optam” em viver a margem das rodovias ou nas praças de grandes cidades, pedindo esmolas. Pois estas pessoas, esquecem que somente resta à marginalidade, para aqueles que foram violentamente retirados de suas casas e terras, e que são vistos como incapazes para ser incluídos na tão “valorizada cultura branca”, tendo a mídia a favor desta cultura. Esta é a realidade de muitos índios que buscam as grandes cidades.
Por fim, temos que deixar estes preconceitos já ultrapassados, de lado e perceber a grande lição que podemos aprender com esta cultura, que é substancialmente diferente da nossa, mas que agrega valores a serem aprendidos e vividos por todos nós, como: o respeito incondicionalmente as forças da natureza, a valorização do papel socializador e educador da família, e principalmente pelo sentido de irmandade, solidariedade e fraternidade que permeiam suas relações sociais. São grandes lições a serem aprendidas por uma raça (branca) que deseja pretensamente ser entendida como seres evoluídos, nesta grande “Aldeia Global”.

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