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UFA !!!! FÉRIAS......


Chegou as tão sonhadas FERIAS DE INVERNO....
Agora, é descansar....curtir a família.... Ler alguns livros(não técnicos é claro) e reunir os amigos....

Todo este descanso será para recarregar as enegias para o antepenúltimo semestre...Estamos chegando lá!

FORMATURA LÁ VAMOS NÓS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
CONTAGEM REGRESSIVA....3.....2......1 ACABOOOOOOOUUUUUU!

"EU".... ENTRES OS MUROS DA ESCOLA


O filme que escolhi como cenário de estudos de minhas aprendizagens foi o longa metragem “Entres os Muros da Escola, de Laurent Cantet, que retrata uma realidade universal, a relação professor x aluno, em uma escola pública, na periferia de uma grande cidade. Este trás um componente importante e muito atual, pois aborda várias questões relativo a realidade que estamos vivenciando, que é o desinteresse crescente dos alunos pela escola, a rebeldia, a desvalorização da figura do professor, as diferenças étnico-raciais e sociais que permeiam o espaço escolar e que foram retratadas neste filme.
Dentre tantas cenas que nos levam a reflexões importantes, destacaria a cena central do filme, em que o professor Marin, em uma de suas aulas, onde se estabelece um importante conflito gerado a partir de uma fala do professor que repreende as atitudes de duas alunas, que foram representantes da turma no conselho de classe.

Estas, segundo a concepção do professor, não se portaram bem, então numa atitude de descontrole, diz que elas “pareciam vagabundas”. Esta fala gerou uma série de conflitos subseqüentes. Souleymane, aluno de etnia africana e que tem o estigma de mau aluno, que se recusa a fazer as tarefas propostas pelos professores, não demonstra qualquer interesse pelas disciplinas, numa atitude extrema de rebeldia sai da sala atirando tudo o que tem pela frente ao chão e num destes movimentos, acidentalmente, acerta o nariz da colega Khoumba, a ferindo. O professor diante do descontrole do aluno, o leva ao diretor da escola, o que tem como conseqüência a abertura de um processo no conselho disciplinar. O professor mesmo compreendendo que a atitude do aluno não foi intencional, não consegue evitar que este seja levado ao conselho disciplinar, onde fatalmente será expulso da escola. Em seu relatório omite o fato de tudo ter sido deflagrado por sua colocação inadequada para com as alunas, onde as compara a “vagabundas”. O que tem que ser reformulado posteriormente, pois este detalhe já era de domínio de todos na escola. Apesar disto este fato não foi levado em consideração no conselho disciplinar, já que se tratava de um aluno que apresentava o estigma de “mau aluno”.
Os conceitos que destaco na cena em questão, se referem aos princípios morais, dos quais o Professor Marin teve que confrontar-se ao omitir o verdadeiro relato dos fatos que gerou a expulsão do aluno, e de posteriormente, não assumir a defesa do aluno por esta significar sua declaração de culpa/envolvimento. A cena mostra com clareza os conflitos que estão presentes na escola, à relação professor X aluno, a falta de interesse dos alunos em relação à escola, o que reflete diretamente nas aprendizagens destes, uma vez que não encontram significação em suas vivências. Também podemos destacar os conflitos inerentes a fase da adolescência que os alunos estão vivendo, tendo como complicador as múltiplas etnias, que fez com que houvesse uma forte resistência quanto à língua e a cultura francesa. E por fim, a maneira estigmatizada com que Souleymane foi tratado no conselho disciplinar, onde o fato de ter machucado acidentalmente a colega, não foi levado em conta, mas todas as suas atitudes anteriores, que desagradava a quase todos os professores, numa atitude discriminatória.
Olhar, esta cena, com os olhos de quem está de fora da situação, é de certa forma fácil, pois não estamos vivendo, não estamos sentimentalmente envolvidos, e fazer qualquer juízo de valor sobre o que ocorreu é sem dúvida, uma inferência, e com isto temos grande probabilidade de cometermos erros no julgamento. Portanto toda a análise que passarei a fazer estará arraigada com princípios de moral, de ética e de cidadania, dos quais eu acredito e que permeiam minha vida.
O filme todo nos mostra uma realidade muito próxima de nós, que são as relações professores e alunos. Mas nos coloca a pensar tanto na figura do professor, bem como na qualidade das relações que estamos estabelecendo com nossos alunos hoje... Com isto nos remete a pensar no professor, não aquele estereotipado, como o “sabedor de tudo”, que está acima dos alunos, mas aquele que erra que perde o controle, que se desgasta constantemente no seu trabalho (stress), que é humano, que sofre e que tem medo. A cena na qual Marin chama a aluna de “vagabunda”, mostra um outro lado da moeda, do professor que mesmo tentado acertar, erra. Marin demonstra, durante todo o filme, interessar-se pelos alunos, busca travar um diálogo com eles na tentativa de mostrar-lhes o que entende como importante para “adaptarem-se” aquela cultura, através da disciplina de Francês, mostrando sua aplicabilidade e importância para seu convívio naquela sociedade. Tenta despertar o desejo de que aproveitem melhor os momentos em que estão na escola para sua formação. Para isto, usa a língua Francesa, que é sem dúvida, o grande campo de batalha onde é travado esse conflito no filme.
Mesmo diante de diálogos tensos, e de agitação, de reações de rebeldia, o professor demonstra interessar-se pelos alunos, conseguindo comunicar-se com eles, tentando compreender suas dificuldades, e deixa claro tudo isto quando diz a um outro professor: “Procuro valorizar o que eles fazem de bom”. Mas, no calor de uma discussão, numa atitude de reprovação, e em resposta a rebeldia de seus alunos, ele se descontrola e ofende duas alunas, as comparando com vagabundas.
A cena mostra bem os sentimentos que permeiam muitas salas de aula, onde alunos sentem-se perseguidos pelos professores e professores sentindo-se ameaçados pelos alunos, como se existissem dois lados, um estando no oposto do outro. Penso que este tipo de sentimento, que vemos em algumas escolas, se dá por um movimento de distanciamento que a escola vem fazendo, quando “nega-se” a atualizar-se, a mudar (currículo, abordagens, metodologia, avaliação, etc.), a se democratizar (ouvir todos os segmentos da comunidade escolar). A escola hoje está dissociada da realidade, isolou-se em suas “verdades” e não está percebendo que está perdendo sua credibilidade e seu sentido. Pois a escola deve ser um espaço de convívio, de aprendizagens que façam sentido, que tenha aplicabilidade e que, sobretudo, esteja voltada à conscientização dos sujeitos como força transformadora.
No filme vemos a figura de um professor com qualidades e defeitos, como qualquer ser humano, mas de certa forma frágil e em conflito, que em nome de uma disciplina (regras) e de seu cargo (professor/autoridade), vê-se obrigado a levar um aluno a um conselho disciplinar, e que em sua consciência sabe que o motivo que levou o aluno aquele situação foi um acidente, e não uma agressão intencional. Veio também a omitir este fato em seu relatório, numa tentativa de negação de seu envolvimento e co-responsabilidade. Neste momento vemos que mesmo sabendo da “inocência” do aluno, o professor optou em não reforçá-la, deixando que sua figura estigmatizada de mau aluno fosse valorizada. Esta atitude revelou que dentre seus princípios morais de justiça e ética, naquele momento, o que valeu mais foi salvaguardar sua posição enquanto professor, não deixando que sua falha fosse julgada, e com isto, evitando seu desligamento da escola (expulsão) por quebra de decoro. Então, um num ato de discriminação, viu-se “julgamento” de uma das partes apenas, a de Souleymane, , que por ter uma imagem de adolescente indisciplinado e revoltado, foi expulso da escola. O fato de ser adolescente e ter sido “incluído” numa cultura extremamente diferente da sua, em nada valeu, pois a escola mostrava-se que estava ali cumprindo um papel de “disciplinadora”, onde sua maior função era adaptar os sujeitos a sociedade.
Nesta perspectiva já podemos ver o quanto a escola necessita mudar, deixar a função que hoje exerce, de reprodutora de sujeitos adaptados a sociedade e ao mercado de trabalho, sendo ferramenta ideológica que aprisiona. É preciso investir fortemente na libertação desta sociedade, através da busca de uma consciência reflexiva crítica, onde a autonomia no pensar seja uma força transformadora, onde os sujeitos possam por si só avaliar e escolher o que entendem como bom e ruim, o que querem e o que não querem. A escola deve trabalhar, realmente, para que a liberdade de ser e de estar, possa constituir-se, de fato, em um direito a ser vivido, e onde as crianças possam crescer com o ideal de igualdade arraigado em sua consciência, buscando com isto, construir uma sociedade digna para todos, onde não haja mais segregação de qualquer ordem, onde o respeito ao ser humano esteja acima de qualquer ideologia.
Para concluir, gostaria de transcrever uma reflexão que fiz num trabalho sobre Kant e Adorno, onde me refiro a Escola: “Sabemos que os caminhos que levam a transformação desta situação de dominação que vivemos hoje passam pelos muros da Escola. A educação tem a força da mudança, pois é por ela que passa toda uma sociedade. Nela são forjados muitos conceitos, idéias, muitos padrões de beleza, de consumo, enfim, tudo o que queremos que se perpetue, mas também é a partir dela que podemos mudar este estado de coisas. Mudar este paradigma não é fácil, pois estamos de certa forma “condicionados” a reproduzir padrões, conteúdos, informações, mas fazer o caminho inverso é desafiador. Libertarmos de preconceitos, de conhecimentos sem significado para o aluno, de informações que “vendem” como verdades, é imprescindível, para que possamos começar a escrever uma nova história. Uma historia de liberdade, de respeito às diferenças, de autonomia e de igualdade de direitos e oportunidades. É assim que podemos começar, primeiro mudar nossa postura enquanto educadores, deixar nossos saberes de lado e abrirmos para os saberes dos alunos, como vivem, o que pensam o que querem do futuro e da vida... Assim, poderemos nos aproximar realmente daqueles que precisam que esta sociedade mude, para que possam ter igualdade de condições, sentirem-se respeitados em suas necessidades e desejos. E com isto refletir sobre o que nos aprisiona e as alternativas de libertação, desenvolvendo uma consciência crítica frente ao mundo. Mas, sobretudo, despertar a consciência de que somos sujeitos capazes, inteligentes e livres, e que está em nossas mãos à mudança, a renovação. Adquirindo a convicção de que todos nós somos os protagonistas desta história, somos sujeitos de direitos, cada qual com seus saberes, e que cabe a cada um comprometer-se com a transformação, escrevendo uma nova página, onde os registros sejam de mudanças, de justiça e de direitos”. (Neila - Webfólio – resposta_neilagoulart_para_patriciarosso.doc. -, p. 4, 21/06/09)